terça-feira, março 28, 2006



RENEGADOS de BOLIQUEIME
Punk, União e Força


Kaput (K): Quando é que os Renegados começaram?

Giró (Gi): Nós começamos em 93, eu o Frágil e o Guerra. Tínhamos começado a tocar antes, eu o Frágil o Mosca dos cagalhões e um atrasado mental.
Tocamos durante un ano e meio. Depois entrou o Guerra prá guitarra e o Libelinha no baixo. Tocou em dois concertos para entrar o Óscar, que tocou nos 4 piores concertos de Renegados. Então entrou o Rui para o baixo.

K: Qual o melhor concerto que deram?

Gi: Sintra, concerto do caralho, com Crise Total e o de Zaragoza.
Frágil (F) : Barcelona no sábado á noite num Squat.
Guerra (G) : O concerto de gravação do cd.

K: A pica a tocar ainda é a mesma?

Gi: Acho que sim. Mas tenho mais noção das merdas, estamos a tocar melhor, talvez por causa de estarmos mais velhos, mas acho que não somos o mesmo grupo de amigos desde que começamos embora tenha-mos uma forte relação. Somos uma banda 100% Punk sem papas na língua e foda-se para quem nos critica e manda bocas.

K: O que acha de terem fama de darem concertos para pessoal bêbado e violento?

Gi: Como disse o Miguel dos Mata-ratos, nos somos os profetas do caos, punk rock estrema politico, incorrecto punk não é para toda a gente. É para quem tiver estômago e colhões para fazer asneiras.
F: os Renegados têm má fama por isso, mas eu só me responsabilizo pelos meus actos e ás vezes. Estou-me inteiramente a cagar se os gajos violentos vão ver os nossos concertos, é porque gostam e os outros têm medo de vir. Estou-me a cagar.

K: Vocês acham a cena Punk actual chata pra caralho?

F: As pessoas arranjam maneira de se tentarem levar a cerio, de se afirmarem e de se agarrarem.
G: Optar por uma linha e levar a cena muito a peito é estúpido, deixam de se divertirem, andando a formar grupos de carneiros.
Gi: o exemplo disso são os au-Rotten, que são uma banda que tem vegetarianos não deixam de ser políticos e não deixam de ser drunks.

K: Acham difícil uma banda punK sair lá para fora?

Gi: Nós temos um grande problema, somos desorganizados como o caralho. Lembro-me dos Subcaos que fizeram um tour pela Europa em que tocaram duas vezes com os Hiatus. Nós só fizemos um por Espanha em que perdemos $ pra caralho.

K: Vocês não se importam em tocar em sítios rascas?

F: Se quiséssemos já podíamos estar mais acima do que estamos. Tanto tocamos com G.B.H., UK Subs assim como os Acratas ou os gajos de Ovar. Se há banda que ajudou outros gajos do norte, foram os Renegados. Onde geralmente o primeiro concerto é connosco. Onde 80% das bandas desiludiram completamente. Alguns dos elementos não.

K: Vocês acham que ainda há Punks, pois pelo que vejo nos concertos...?

F: A cena dos concertos, acima de tudo é uma festa, não é para levares com moral. Para isso vais para o Reino de deu$. O grande problema é o $. Agora o $ rola para a cena e então as cenas acontecem. Eu acredito que a cena punk vai voltar. Em que isto é um ciclo, em que ha pouco tempo voltou com os offspring, green day......hoje o que está na moda é o punk rock & roll e isso é que me fode.

K: Ainda há pessoal a fazer desordem?

G: Agora é moda, dantes era alternativo. Os mais putos olham para o lado e têm korn....ao lado contrario têm as bandas de hip-hop, e gostam de punk também. Os putos gostam de ter uma visão geral de tudo. Tornado as coisas muito mais pacificas sem distinção de nada e onde não há vontade.
Gi: Hoje em dia há manifestações e chamam a televisão, pois é bonito. Agora manifestações contra bandas nazis como aquela que tocou no antigo zum-zum, já não é bem assim. Embora nesta, a supresa foi que quem apareceu foi o pessoal mais velho. E punk é aquele que faz asneiras e a tua mãe não vai gostar.
No porto não vês punks a não ser os Renegados e o Paulo Galinha.

K: havia muito menos. Havia mais ou menos concertos em 80` e como é que vês isso, Frágil.

F: Havia muito menos. Havia um por ano quando havia, hoje em dia é uma altura de globalização. Tu consomes tudo o que queres em 5 minutos. Dantes era o fruto proibido. Se reparares dos piores ex. Punk da europa e portugal, onde as bandas não são respeitadas. Se calhar os crise Total foram porque estavam na moda. Quantos punks há dos 80`, quase nenhum. Alguns continuam duros como dantes. Os anos 80 não foram nenhuma loucura. Mas pobres dos gajos que iam no autocarro de moicano ha 15 anos atrás, tipo eu e o Beto e não sei quem mais, chamavam-nos de assassinos e Fp25.

K: tu sendo o gajo mais velho da banda, já tocaste noutra banda?

F: Já tive uma banda chamada Senisga. Uma banda marcante a nível social em Trás-os-Montes, foi em 82/86.

K: quem era o pessoal da altura?

F: Havia os Punks de Lisboa, os pseudo punks do Porto, a malta burguesa da cidade, os gajos de Aveiro, grande gente, três, quatro gajos de Viseu e uns tolinhos em Trás-os-Montes.

K: Acham que há uma grande confusão com a nova geração de pessoal, a chegar ao punk, devido à lacuna do pessoal mais velho?

Gi: Hoje em dia é o que eu li numa coluna do Félix Havoc, “Quando era puto fartava-me de levar porrada por ser Punk”. Hoje em dia é fácil ser-se punk, o pessoal mais velho principalmente os da minha idade, eram os mais sho-off, passei bons momentos mas foi só uma fase, o conformismo é mais fácil.
F: Sinto uma grande alegria quando vejo o Ribas a cantar o batata frita. Dantes era mais caótico. Acho que a coisas têm o seu tempo e sua altura. Ou se gosta ou não. O tempo da moda já passou, só anda quem gosta.

K: O que é para ti ser punk??

F: É complicado, eu costumava dizer que punk é ser honesto, sempre disse isso. Agora se me disseres que ha vinte variantes de como ser punk, acha que é um gajo com atitude. Podes não ter visual e ser um Punk do caralho. Podes ser um gajo que põe uma bomba no carro da moina, que na semana passada lhe fodeu a tromba. Mas também há aqueles que são mais pacifistas. Mas se são gajos de 17 ou 18 anos, que não podem espetar o cabelo por causa dos pais, então que virem para o hip-hop ou outra coisa qualquer. Não queiram é curtir uma coisa que nunca na vida irão sentir.

K: Qual a razão para Lisboa ter uma cena completamente diferente do norte?

G: Acho que é por haver menos estímulos cá no norte e ser mais pobre no sentido destas coisas. Á menos recompensa por se lutar por algo. Em Lisboa, têm muito mais gente, mais cultura musical, em geral, mais motivos. Os putos têm mais estímulos para se envolverem, para alem de que são mais motivados e realizados. Ha mais pequenas distribuidoras, pequenas editoram que se alinham a grandes, pessoas com mais influência. Claro que o Punk evolui mais em Lisboa.
F: Em amor á causa lisboa deixa muito a desejar. Tudo é mais facil. Toda a gente vai para lisboa, em que se dão ao luxo de fazer um squat para a seguir aparecer na televisão, é tudo uma brincadeira, lisboa pra mim é muito suspeito, é diferente. Não sei se é melhor ou pior. Há gajos que são uma merda, mas isso é em todo o lado, até eu por vezes sou uma merda. Mas amor á causa foi sempre o norte, Aveiro, Porto, Ovar e o caralho.

K: O que acham de punk e drogas duras, visto ser um bom escape para muita gente entrar no punk?

F: Eu acho que as drogas estão ligadas a rua, seja punk seja quem for. Mas não acho que seja só no punk. O metal também. Não acho que haja uma ligação directa com o punk. Drogas e rua só quem não tem o que viver.
G: é mau para toda a gente. É um cancro, a medio ou curto prazo. Aquela merda fode qualquer um. Droga sempre esteve ligada com a musica, agora se optas por essa linha é uma quetão de tempo para perderes os ideais, quanto mais que não seja a força.

K: Ainda se sentem nervosos quando tocam?

F: sempre
G: até aqui, um sitio pequenino pra caralho, tudo entre amigos.

Esta entrevista foi feita à alguns anos por Rubem Kapute e tirada da Kapute distro catalogo nº1.
Espero que ele não se importe por estar a usar esta entrevista, mas acho que é importante o pessoal conhecer algo mais sobre uma das grandes bandas do nosso país...

Renegados de Boliqueime nasceram em Outubro de 1993 e acabaram em 2001. Nestes 8 anos a respirar, deixaram bem presente um atitude 100% drunk punK.
Tocaram com bandas como UK Subs, GBH, Nofx, InKisição, Crise Total.....
Estiveram no Johnny Guitar, no II Super Rock 97`, Hard Club,(.....) fizeram uma tour por Espanha…….
Fizeram versões de CriseTotal – assassinos no poder, GBH – big-women, Ramones – pet sematary, Garotos Podres – papai noel. E berraram autênticos hinos punk, Troco deu$ por uma cerveja, Straightedge, União e força, Bófia, Desordem......

Gravaram um cd “ao vivo no HardClub a 22/05/1998”
Giró – Bêbado sentado que berra de vez em quando.
Guerra – Bêbado que esfrega as cordas
Fragil – Bêbado que berra que se farta
Rui – Bêbado com menos cordas para esfregar

No ano passado lançaram um cd intitulado “1993-2001”, que contem:
Demo-tape – Troco Deu$ por Uma Cerveja – 1995
Fragil – voz, Guerra – guitarra, liblinha – baixo, Giró – bateria e voz.

Demo-tape – Assim na terra como no céu – 1997
Fragil – voz, Guerra – guitarra, Rui – baixo, Giró – bateria e voz.

Gravação pirata – Ao Vivo em Ovar - 1996
Fragil – voz, Guerra – guitarra, Rui – baixo, Giró – bateria e voz.

Hasta la vitoria….
Punk&Destroy
Rock das Cadeias: março 2006
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