domingo, novembro 06, 2005

POESIA


MADE IN 2 DE MAIO


De Belém para a Ajuda
É sempre a subir
Passa-se o Palácio
É já ali à frente


Cacos no chão
Beatas fumadas
Vidraças partidas
Vidas estropiadas

Foi ali que cresci
Foi ali que me tornei cavaleiro
Do mullet, do bigode
Da cerveja e do fio d’ouro
Profissão: estivador
Espírito: brejeiro!!!



A mirar o Tejo
Conjunto de betão
Bairro da decadência
Ruas sujas e sem gente
Demência e delinquência
Andam de mão em mão



Colete de cabedal
Botas de Cowboy
Desempregado, alienado
A vida não mata mas mói


Reunião na tasca
Há bola na TV
Na parede avisos de consumo obrigatório
Mas ninguém lê
No intervalo enche-se o mictório
Febras e falatório


O chuto faz-me doente
Emoção espinha acima
Sozinho na ruela
O BI faz de mim gente
A pedra dá-me vida
Por mais um dia


Sou um produto do 2 de Maio
Orgulhosamente Lisboeta
Enquanto olho pró Tejo
À realidade faço gazeta


A mirar o Tejo
Conjunto de betão
Bairro da decadência
Ruas sujas e sem gente
Demência e delinquência
Andam de mão em mão

(AUTORIA DO POETA URBANO ZÉ STRUMMER*)

*UM FILHO DO BAIRRO SOCIAL 2 DE MAIO...
Rock das Cadeias
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