quarta-feira, fevereiro 10, 2016

O DIA DO CONCERTO (Capítulo IX) Histórias do Tony Cigano


Dia do concerto na prisão, Zé Abutre e Cobretti chegam no seu datsun 1200 preto com chamas à frente a reluzir e sempre a àbrir à prisão do Linhó.
Chegados ao portão identificam-se como os clockwork boys, junto levam mais dois colegas, o Abilío como baixista e o Juvenal Caveira como baterista e franqueiam-lhes logo a entrada na chegada não sem uma minuciosa revista na salinha de espera.
Seguem pelos corredores largos e repletos de celas debaixo dum enorme coro de assobios e apupos. Cospem para cima de alguns e vão seguindo em frente através do bloco C. Tony Cigano aguarda-os no fim do corredor, no meio do escuro apenas se vê o ouro do Tony a reluzir no escuro. Grandes abraços e grande festa, Tony fica de lágrima no olho com a visita dos seus amigos músicos, autores de grandes sucessos rock do degredo e da decadência. O Palco fica no meio do pátio, na terceira música o público está em apoteose e pleno delirio, parece os anos 70 novamente, as tripes parecem se ter reactivado nos cérebros tortos e apenas se vislumbra pó, muito pó e lama também, pois começa a chover, como se diz Abril, águas mil, pelo menos assim reza o ditado. Os guardas começam a ficar nervosos com o tamanho burburinho dos presos, mas estão longe de imaginar que o pior ainda está para vir. Tony Cigano é convidado a subir ao palco para cantar uns temas com os seus amigos e canta a música rock nas cadeias, seguida dum discurso motivado através do qual consegue incendiar ainda mais os ânimos dos reclusos e inflamar a chama da revolta. Cobretti, Abutre e companhia aproveitam e dão de fuga de pianinho. Tony sente-se como um Ayatola no alto do palco improvisado. O batalhão de operações especiais do GOE é chamado para a ocasião também, pedras voam por todo o pátio, os guardas recolhem-se e encolhem-se conforme podem.
Nunca se vira tamanho motim, os presos cantam rock nas cadeias como se da grândola vila morena se tratasse. Tudo a trepar pelos muros, autênticas escadas humanas, os presos entreajudam-se uns aos outros, Tony Cigano armado duma canos serrados dispara em várias direcções. A fuga será bem sucedida e o bairro da Musgueira e Curraleira voltarão ao dominío do seu gang, pois é lá que se vão refugiar depois da fuga bem sucedida. Tony Cigano logra sair pelo portão principal, pois faz reféns 2 guardas e franqueiam-lhe o portão da prisão. Nunca um preso saíra em tamanha glória daquela choça. Tony Cigano e seus cúmplices roubam umas viaturas estacionadas ali próximo da prisão.
Uma delas é o carro do próprio director. Os GOE, nada puderam fazer. Resta-lhes apertar o cerco e tentar perceber os buracos onde se irá esconder esta ratazana do mundo criminal. A fuga da prisão é motivo de noticia em todos os blocos informativos. Tony Cigano com a ajuda dos seus amigos do rock, conseguiu fugir da cadeia e tudo graças a uma banda de rock n roll e a dois amigos fajutos.
Mais tarde Tony Cigano irá procurar Cobretti e Abutre para festejarem à séria. Mas estes dois também são procurados pela polícia e estão refugiados no Algarve, mais precisamente em Olhão.
Diz-se que montaram uma taberna e que levam vida discreta desde o dia da fuga. Na taberna existem a toda a hora sessões de sexo com velhos e prostitutas desdendadas, é uma decadência aquela taberna, não serve para ganhar a vida, mas para ganhar glória sobre o álcool e a sobriedade, nada que interesse aos fajutos rock n rollers da vida airada. Canta-se Deusa do submundo enquanto se fuma cavalo olhanense na taberna, proveniente dum amigo, o Zé Trolha, cavaleiro da antiga munido duma flor de ópio na lapela, perdão um trevo, mas na línguagem criminal o trevo ou a papoila da sorte significam o mesmo. Quem possui uma, conhece as cicatrizes da vida, o mau estar, e a inquietação de ser bandido. Tudo em alvoroço no lamaçal woodstockiano prisional, o espirtíto do El Vaquilla está presente também, referência do crime e da dependência heroinómana de Espanha. Verdadeiro símbolo revolucionário da luta contra a sida e contra as injustiças do sistema prisional. A cadeia em chamas os portões explodidos com C-4 oriúndo sabe-se lá de onde, talvez do comando vermelho nacional da KC.-Kobra Kai 
Ainda há muito por escrever, o  Tony tem de chegar a terreno seguro, e vir tratar dos negócios antigos com a máfia do punk. A liberdade não tem valor e Tony sabe disso, os clockwork boys vão receber uma boa maquia pela ajuda na fuga da prisa de Tony cigano e seu bando de pernetas e zarolhos e assaltantes. Artur Gonçalves recebeu o o amigo Tony na Musgueira, apesar de não gostar muito daquela zona, ainda assim sempre moveu influência naquela área. Na verdade a editora por detrás dos discos do Artur Gonçalves eram financiados pela quadrilha da cobra kai records, editora ligada aos clockwork boys e não só. Este dinheiro servia para acções de quadrilha contra o sistema, fosse porque um dos elementos gostava de um fio de ouro duma montra igual ao do Chalana, fosse para financiar uma fuga da choça. Zé Abutre e Cobretti lograram escapar quase impunes, porém alguém denunciou que foram eles os co-autores do plano de fuga, e por isso também têm a cabeça à prémio. O último capítulo termina num tiroteio interminável pelas planicíes alentejanas onde estes piratas do concreto possuem propriedades, usadas pelas quadrilhas da revolução. Uma revolução criminal está a acontecer, e os cidadãos reclamam dos seus poderes, irá ser tudo em vão? Tanto sangue derramado nunca poderá ser em vão... aguardem pela próxima história.
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Rock das Cadeias: O DIA DO CONCERTO (Capítulo IX) Histórias do Tony Cigano
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